Vômito de Metáforas | O Brazilquistão às Portas da Decepção

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Barata Cichetto

O Brazilquistão é um país. Mas bem que poderia ser uma nação. O quistão é uma questão. Que significa apenas lugar. Mas que é um sufixo. Fixo. De países comunistas. Onde outros istas. Morrem feito ladrão. Mas no Brasil. Que agora é quistão. Como o Araraquaristão. Aquele que é Cristão. Mesmo que seja o Tristão. Morre ou fica preso. E nunca sai ileso. Da prisão. Pela fúria. Do Grande Imperador do Mundo. Que não se chama Raimundo. Mas é dono. Embora nunca conquistador. Da Terra Devastada. Lord Hummungs. E seus fungos sem um dedo na mão. Fungos xibungos. Que abraçam o Lorde. Que não morde. E antes que eu acorde. Me digam qual é poder. Que pela Santa Democracia. Foi dado a tal demente delirante. Que se acha um imperador. Deus supremo. Do Tribunal Federal. E o dono do mal. E quando uma pessoa é presa. Pessoa sem sal. De surpresa. E condenada pela opinião. Só que não. Penso na tal Ditadura do proletariado. Onde o cunhado. Do alcunhado Nove Dedos. Que conhece os segredos. E os medos. Dos malfeitores. E dos ditadores. Dos exteriores. Da nação. E agora. Numa conta simples de subtração. Diminuo mais de menos. E ao menos. Tenho a conclusão do sacristão. Que nem mesmo é Cristão. Neste meu querido Brazilquistão. No Araraquaristão. Eu que moro na esquina. Da rua Nove. Onde alguém se comove. E enterra o idoso. Jeito de leproso. Mas perigoso. À situação. Onde imperadores sem cabelo. Porcos sem zelo. E sem apelo. De ninguém que seja seu dono. Um velho corno. Quer manda no mundo. E nem por um segundo. Pensa na pobreza. Na beleza. E até na tristeza. Dos que são apenas manés. Que se queimam em chaminés. Segundo o Barroso. Homem horroroso. Desgostoso com a própria identidade. Que se acha a suprema entidade. Suprime a liberdade. E está acima do bem e do mal. E o Partido Novo é só mais uma piada sem graça. Nessa desgraça. Chamada Brasil. Nem tenho mais consciência dos ingredientes que uso nos meus pratos. Uso sal e pimenta a gosto. Mas tenho tanto desgosto. Porque meus sapatos. Abstratos. Cheiram a algo que não pode ser chamado de Poesia. Mas fedem feito vadias. Com um hálito de bosta. Para quem gosta. Cheira aquela sujeira. Que a noite inteira. Olha para os ratos. Em cima do telhado. Avermelhado. Com quantas camadas de bosta de gente. Se faz um bolo diferente? E o recheio de estrume. É o perfume. Que a esquerdalha gosta. E o especialista em cenografia. E mudar a geografia. E transformar a Sofia. E a filosofia. Em horrenda prática. De matar a gramática. De forma enfática. Que faz parecer. Que Seres humanos. São tiranos. Enquanto sabemos dos anos. E dos planos. Que tanto aos romanos quanto os tucanos. São capazes de fazer. E de dizer. Mas agora. Nesta mesma hora. Amanhã posso estar morto. Ou absorto. À tela de televisão. Sem tesão nem para foder. Buscando apenas o poder. De ser. Jogando a cara vida. Nos colos da atrevida. E sofrida. Revisão. Que me diz. Com o que não condiz. Com a realidade fugaz. E que não é entregue pela Ultragás. Num botijão. E de como gosto de beber. Num copo de requeijão. Termino agora falando. Cagando e andando. E como Marcelo Nova. Afirmando que sou um “Anarquista Conservador”. Que arrota na mesa do ditador. Mas gosta de comer finos pratos. Com talheres de prata. Numa casa de dezoito quartos. E uma bela sala de jantar. E colocar dúzias de gatos. Na mesa para cagar. Agora, por falar em anarquista. Preciso ir ao dentista. Antes que desista. De deixar de sentir dor. E quando o anestesista. Filosofar como um cientista. E dizer que preciso ficar de boca fechada. E a cara inchada. Como não sentir dor. Diante o espectro do ditador. Que caminha de andador. Quando desligam a Câmera de televisão. E depois de contar como arrancou seu próprio dedo. Guarda em segredo. Numa caixa de fósforos sem luz. O segredo que o leva como quem seduz. Num andor. E que decerto o Imperador. Careca feito uma mentira. Uma hora retira. O Lira e a lira. E fiel à lira. Do tira. Daquele me causa ira. E de mim retira. E faz com que eu prefira. Não sobreviver. E o desejo de não ver. Pelos olhos dos cegos. Que batem pregos. Sem cabeça — Então esqueça. Antes que apodreça. Aquilo que chamam de revolução. Pela Constituição. É prostituição. Só não quero morrer. Ser sepultado. Antes de algum deputado. Maldito filho desgraçado. Ache engraçado. Cumprir sem dever. Sem nada a dever. Que recebe seu soldo. e depois toma chá de boldo. Afim de não enlouquecer. E antes que eu possa esquecer. Lembro daquele que não soube enlouquecer. E morreu à língua. Por desafiar o poder. Acorde a palavra podre, saque do coldre. A palavra proibida. Por subversão. Coloque sua calça tingida. Da cor fingida. Na sua versão. E faça a conversão. Proibida. Pela outra convenção. Reprimida. Oprimida. Pela recepção. Às portas da decepção. No Brazilquistão.

25/04/2024

Barata Cichetto, 1958, Araraquara – SP, é poeta, escritor. Criador e editor do Agulha.xyz, e Livre Pensador.

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