Lu Genez – [Eram tempos de fome]

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Lu Genez


Eram tempos de fome,
da inanição, num fim de domingo
De secura na garganta, do travo do grito
De outras arguras da carne.
Horas pérfidas, perdidas, nesse desvario
Do silencio embrutecido de asfalto.
Na rigidez do dente.
Solidão, disfarçada no torpor
Da bebida do cigarro ou do próximo veneno
Disponível, ao calor do corpo.

Eram tempos de barbitúricos
De bronzeamento artificial
Do silicone implantado, que molda o caráter em mililitros
Canceres de indiferença.
da tarja preta, imitando felicidade
Em sacolas cheias, de vazio etiquetado
Guarda-se no armário,
Só mais um, nessa berlinda
Entre o trapézio o precipício e o concreto,
O princípio da queda.

Eram tempos de silêncio
Do amordaçado da voz
De um inferno abafado.
Das paredes sombrias.
Das sombras, que se divertiam, as nossas custas
Na casa dos espelhos quebrados,
Só os cacos, contam de nós.
Pobres esfarrapados, descuidados da cena
Que se aproxima do fim, nesta esquina
Maldita.
Só tem sangue nesse chão.
A lente de contato é azul,
Não se precisa mais de céu.

24.Ago.19

Lu Genez, Curitiba, PR, é poeta escritora, e Livre Pensadora.

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