A Novilíngua Interpretativa Sobre Atos Sociais

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Dinho Ferrarezi


A maioria dos professores, apoiadores do PT e asseclas, ainda se dividem sobre a participação na greve. Os petistas, visando evitar maiores desgastes em decorrência das lamentáveis falas de Lula têm interesse em preservar a imagem do presidente.

 

O linguajar modulado, exposto no romance “1984”, de George Orwell, além de profético, encontra-se levado a patamares expansivos. No recorte Brasil, um exemplo no momento é a greve cada vez mais abrangente nas universidades federais. Em teoria e prática, tradicionalmente, e amparada sempre por leis, as greves de uma maneira geral sempre existiram com o intuito de reivindicações por melhorias estruturais e salarias.

A novidade é que agora as mesmas instituições que aderiram à greve e as que estão bastante inclinadas a também pararem suas rotinas, todas elas apoiaram o atual governo petista. Nesta situação existe uma confusão enorme, e escutamos o disparate de os sindicatos chegarem ao ponto de afirmar que o fato deles possuírem espaço no governo pode facilitar a negociação entre as duas partes. Memes serão produzidos em massa, somente alguém com criatividade visual, de preferência desenhando para explicar esta aberração. Em segunda hipótese chamem o Ciro Gomes ou o trator da família Gomes.

A maioria dos professores, apoiadores do PT e asseclas, ainda se dividem sobre a participação na greve. Os petistas, visando evitar maiores desgastes em decorrência das lamentáveis falas de Lula têm interesse em preservar a imagem do presidente.

Enquanto isso, problemas de pré-matrículas, matrículas, burocracias administrativas, e até a tão aclamada e nunca consolidada aproximação das “comunidades” nos campis estão paralisadas.

Um estudante hoje que encontrou problema técnico desde a pré-matrícula até o envio da documentação para ingressar em qualquer curso da Federal está sendo jogado entre Central de Atendimento, Coordenadoria de Assuntos e Registros Acadêmicos (CDARA), Centro de Gestão do Conhecimento Organizacional (CGCO), Ouvidoria, Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD), Pró-Reitoria de Sistemas de Dados e Avaliação (Prosisa), Sistema Eletrônico de Informações (SEI), chegando ao ponto de protocolar reclamação na Controladoria Geral da União (CGU), esta última retorna o caso para a Ouvidoria Geral da Universidade, esta responde negando atendimento, alegado amparo na Lei (7.783/1989). No caso do aprovado no SISU que precisou recorrer ao Sistema Eletrônico de Informações, solicita acesso à documentação do processo, recebe como resposta a ausência de prazo definido, também amparada pela greve e na mesma Lei. E, olha, este é um resumo da volta ao mundo, ou melhor, voltas e revoltas na bolha cátedra.

Percebam o nível da “resposta” concedida a um aluno da Universidade Federal de Juiz de Fora, aberta através de manifestação no [Fala.BR] da CGU e dada como conclusiva pela Instituição de Ensino:

“Informamos que a categoria dos(as)Técnicos(as) Administrativos(as) em Educação encontra-se em greve (respaldada pela lei Lei 7.783/1989), desde 11 de março de 2024, por tempo indeterminado. Devido a essa situação, neste momento não temos como prover a tratativa devida, pedimos que acompanhe em nossos canais de comunicação informações sobre a finalização do período de greve”.

Este resumo expõe apenas a ponta do iceberg do mundo paralelo existente dentro das universidades federais, associadas de maneira escancarada com os sindicatos. Tudo isso é sintomático e jorra ainda mais o discurso, agora respaldado pelos fatos: A educação não é o foco das instituições federais, chamem de local de debate, de abate, inserção no clube, mas ensinar não está em primeiro plano.

Acrescentando a lista de confusão, Lula anunciou a criação de 100 novos campi de institutos federais, nos quais haverá a possibilidade de 140 mil novas matrículas, ignorando a qualidade dos cursos, análises de mercado de trabalho, pesquisas úteis, entre muitos outros fatores sociais. Nesta levada surgirão bacharelados interdisciplinares que contém grades confusas, infindáveis e no fim um mar de nada para “nadar na praia”.

Falando em praia alguém já perturbou baleia hoje? Precisamos de uma pauta mais psolista, menos confusa e com alvo pré-determinado.

Dinho Ferrarezi, Juiz de Fora, MG, é jornalista e Livre Pensador!

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Genecy de Souza
Genecy de Souza
21/04/2024 10:30

Por uma série de razões não cheguei à universidade. Todavia, amigos que foram alunos das federais me relataram o balaio de gatos que são essas entidades de ensino superior “público, gratuito e democrático”, devido, sobretudo, ao aparelhamento ideológico e o corporativismo de parte considerável de professores e demais servidores. Um desses amigos, cansado do excesso de greves, passeatas, ingerência político-partidárias-sindicais nos assuntos acadêmicos, enrolações burocráticas e dos debates doutrinários, que nada tinham a ver com a grade curricular, trocou a federal por uma faculdade privada para conseguir se formar dentro de um prazo razoável.
Exceções à parte, e ao que me parece, o que as universidades mais fazem é lançar no mercado de trabalho profissionais medíocres.

Vinnie Blues
Vinnie Blues
14/04/2024 11:55

Perfeito ! 👋👋👋👋

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